Pessoas identificadas serão responsabilizadas criminalmente por descarte ilegal dos materiais
Plástico, papel, metal, vidro. Tonéis, pneus, geladeira, sofá, caixa de som automotivo e até um fogão a lenha. É lixo que não acaba mais. O volume é tão amplo quanto o tamanho da irresponsabilidade dos que descartam o material ilegalmente. Dezenas de sacos de ráfia foram enchidos em um mutirãode recolhimento realizado ao longo desta quinta-feira, dia 10, em um trecho nas margens da SC-154, rodovia de acesso ao município de Passos Maia.
Equipes da administração municipal, com servidores da Secretaria de Agricultura e Departamentos do Meio Ambiente, Cultura e Turismo participaram do trabalho com o apoio das Polícias Civil e Militar e responsáveis pelo terreno. O local é alvo constante do descaso, confundindo-se com um verdadeiro lixão. Ainda no início de março deste ano, uma faixa chegou a ser fixada convidando as pessoas a morarem junto com o lixo que jogam de forma inadequada.
Representante dos proprietários da área, Bruno Fett diz que a situação ocorre há mais de uma década, “mas nos últimos dois a três anos aumentou muito”, revela. Segundo ele, a cada dia é possível perceber lixo diferente em algum ponto nas margens da rodovia estadual que liga Passos Maia à BR-282. “Uma vez a cada dois ou três meses a gente vem com o trator e cata pelo menos na beirada da estrada”, aponta.
Bruno classifica a situação como um legítimo caso de falta de educação, “de casa e até mesmo das escolas”, avalia, explicando o motivo: “Temos situações de lixo que sai do ônibus escolar. São crianças que deveriam estar conscientes e não têm essa consciência. O pessoal tem o serviço de ensacar o lixo, amarrar e vir jogar aqui. É muito mais fácil achar uma lixeira perto de casa que alguém passa recolher”, desabafa.
Irresponsabilidade por toda parte
Responsável pelo Departamento de Meio Ambiente de Passos Maia, Cleusa Gabiatti diz que o mutirão é apenas uma das ações entre várias que deverão ser feitas no município, incluindo o recolhimento do lixo e um trabalho de conscientização dos moradores. Ela também aponta que o problema não é isolado, com casos já registrados em outras regiões do município. “Em todas as estradas a gente percebe muito lixo jogado. As pessoas simplesmente descartam em qualquer lugar, como se esse local fosse decompor o seu lixo”, lamenta.
Ela relata que no último final de semana, até vísceras de um bovino foram despejadas no local onde houve o trabalho de limpeza nesta quinta-feira. “Se a pessoa teve a capacidade de abater o gado e trazer nesse local, é porque considera isso um lixão, e aqui não é lixão. O lixo não fala, mas fala muito de quem joga. A nossa cara está exposta, o nosso jeito de ser e o nosso caráter se mostra pelo que cada um faz com o seu lixo”.
Caso de polícia
De acordo com a Delegacia de Polícia Civil de Passos Maia, com frequência chegam papéis com nomes e endereços de pessoas encontrados em locais onde o lixo é descartado ilegalmente.
Leci Astrissi, responsável pela delegacia do município, também participou do mutirão. Ela afirma que somente nesta quinta-feira foram encontrados mais de dez nomes. “A gente está chamando essas pessoas na delegacia para pelo menos explicar que cuide o que joga no lixo e onde joga o lixo. Mas agora, depois dessa limpeza, para os próximos que forem encontrados nós vamos fazer os procedimentos”, alerta.
Segundo ela, o crime é de pequeno potencial ofensivo, gerando ao infrator um termo circunstanciado. “No entanto, é um crime, e a gente vai tomar as providências cabíveis. Quando alguém encontrar algo, pode me chamar que vou ao local para fazer o levantamento e identificar o material”, orienta Leci.
Impressão negativa
Além dos prejuízos ao meio ambiente, o descarte inadequado gera outros efeitos negativos. Diretora do Departamento de Cultura e Turismo de Passos Maia, Simone Leandra Tomazelli avalia que a atitude arranha a imagem construída pelas pessoas que visitam o município. “Nós não temos só o problema do lixo aqui [no interior], também temos na cidade, nos terrenos baldios, jogados em qualquer lugar. Infelizmente o turista fica com uma impressão negativa”, lamenta.
Com um trabalho em andamento para desenvolver o turismo, a diretora torce por uma mudança de comportamento. “A gente espera que a população comece a se conscientizar mais das questões ambientais e dê o destino correto para o lixo, porque a gente está se esforçando para tentar desenvolver o turismo aqui. Pelo grande potencial que Passos Maia tem, já estamos recebendo visitantes, mas precisamos melhorar muito em outras questões, e o lixo é uma delas”.
Jhonatan Coppini – Ascom Passos Maia