Estado não enviou um centavo em 2016 e anunciou corte de cirurgias eletivas, que ainda eram bancadas após suspensão pelo governo federal
A escassez de recursos das esferas federal e estadual vem comprometendo o andamento dos serviços à população. Fora os atrasos nos repasses, a interrupção de programas agrava ainda mais o quadro. A situação não é isolada e prejudica setores do município de Ponte Serrada. Um deles é a saúde, com a administração já há algum tempo mantendo parte das atividades com recursos próprios.
De acordo com a Secretaria de Saúde do município, em 2016 o governo do estado não repassou um centavo das verbas para cobrir vários gastos, como os de medicamentos do componente especializado da assistência farmacêutica, exames laboratoriais, próteses dentárias e Nasfi (Núcleo de Apoio ao Programa de Saúde da Família).
“Esses atrasos do governo estadual já não são novidade”, diz a secretária Ana Paula Lorenzet. “O ano passado ele (governo) também atrasou o ano todo. Inclusive terminou de pagar o ano passado agora, no mês de fevereiro. Infelizmente quem sofre com isso é a população, é o usuário. Mas o município está bancando, dentro das possibilidades, para auxiliar a população”. Segundo ela, os atrasos só em 2016 chegam a aproximadamente R$ 100 mil.
Corte de cirurgias eletivas
Para piorar, na última semana o governo estadual anunciou a interrupção das verbas para custear as cirurgias eletivas, aquelas sem urgência ou emergência. O compromisso, aliás, era do governo federal, que já havia suspenso o serviço ainda em 2015, mas o estado continuou arcando até este ano, o que não mais fará a partir de junho.
Segundo Ana, depois da realização de mais de 50 cirurgias no ano passado, atualmente há 35 pessoas na fila de espera em Ponte Serrada. “O posicionamento a partir de agora vai ser não montar mais processo”, lamenta a secretária, que esteve na última semana em Florianópolis para uma reunião na Secretaria de Estado da Saúde. “O secretário não nos passou nenhuma previsão de retorno do programa. Mas eu acredito que agora só se tiver algum posicionamento nacional. Quem sabe com essa mudança de governo”, estima a secretária.
Mesmo diante das dificuldades, ela garante o máximo de esforço para manter o bom atendimento à população. “Uma cirurgia é um valor alto para o município, que não tem orçamento para isso. O município não consegue assumir. É importante deixar claro que não é porque a gente não quer oferecer, porque o prefeito ou secretária não querem, é porque realmente não há o recurso do governo”, reforça. “Mas nós estamos nos esforçando para suprir essa carência de recursos”, acrescenta.
Mobilização
O Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (Cosems) se mobiliza para, através do Ministério Público, notificar o estado por causa dos atrasos dos repasses. Ainda de acordo com a secretária, a promessa inclusive é que o governo faça o pagamento do mês de janeiro ainda nesta semana. “É uma situação que temos que enfrentar e estamos fazendo o possível para contornar todos esses problemas”, finaliza Ana.
Jhonatan Coppini – Ascom Ponte Serrada