Cerimônia marcou aniversário de dez anos da área localizada entre Passos Maia e Ponte Serrada

O Parque Nacional das Araucárias (PNA) tem o dia 25 de outubro de 2015 como um marco na história. Dez anos depois de instituída oficialmente, a unidade de conservação ambiental avançou neste domingo mais um estágio dentro da curta trajetória. De início conturbado, despertando sentimentos múltiplos, o PNA chegou a ser visto como ameaça em 2005, quando ainda poucos imaginavam que uma imposição se tornaria motivo de comemoração e orgulho uma década depois.

Sobrevivente aos percalços, contestações, insatisfações, foi a cada dia ganhando mais abraços da comunidade. Vigoroso pela floresta nativa de araucária, pulsando vida com espécies únicas da flora e da fauna, aquele que um dia chegou a ser considerado vilão era na verdade o bom moço. Assim é vista hoje a área de 12.841 hectares de terra entre os municípios de Ponte Serrada e Passos Maia, triunfante, e trunfo para as duas cidades e região.

No domingo, dia 25 de outubro, o Parque Nacional das Araucárias chegou ao ápice das comemorações dos dez anos de criação com uma novidade. Aquele que ano após ano foi sendo abraçado pelas comunidades, resolveu agora abraçar seu povo. Abriu-se para a visitação pública. É agora oficialmente ponto de turismo ecológico.

Momento histórico

O momento histórico foi acompanhado pelos prefeitos de Ponte Serrada e Passos Maia, Eduardo Coppini (Duda) e Ivandre Bocalon (Evandro). “Como as coisas mudaram em tão curto espaço de tempo em relação à concepção do Parque Nacional das Araucárias”, lembrou Duda. “Quando surgiu essa novidade em nosso meio, foi um pânico para todo mundo. Não se sabia ao certo o que viria a acontecer. Hoje é diferente. Arrisco a dizer que na totalidade as pessoas falam com muita segurança e orgulho que fazem parte do Parque Nacional das Araucárias”.

As dificuldades no início da implantação também foram lembradas pelo prefeito de Passos Maia. Evandro comemorou os avanços ano após ano. “Essas questões ambientais encontram sempre pontos de conflito, e nós conseguimos avançar principalmente na sensibilização e conscientização da população. O parque, além de muito importante do ponto de vista ambiental, não é uma ameaça como foi classificado no início, é uma grande oportunidade para mostrarmos que desenvolvimento sustentável é possível”, avaliou.

“Tenho certeza que Passos Maia e Ponte Serrada têm um produto maravilhoso para ser desenvolvido e explorado. Hoje o momento é de turismo ecológico e cultural, e isso nós temos muito, temos muita cultura e uma natureza exuberante na nossa região. Nos próximos dias já vamos ter uma pequena infraestrutura para começar a receber os primeiros grupos. É o primeiro passo. Nunca vamos ter as condições ideais para começar. É um processo que vai ser construído ao longo do caminho. Mas o grande passo foi dado”, completou Evandro.

“Eu vejo que há uma convivência muito salutar entre natureza e ser humano. Que todos tivessem a consciência de preservação sem que fosse necessária a força da lei nos coagir a preservar essa beleza tão próxima de nós”, desejou ainda o prefeito de Ponte Serrada. “Mas o conjunto de uma legislação que está sendo eficiente trouxe agora, depois de dez anos, uma perfeita harmonia. É um caminho infinito para ser explorado na área do turismo, na biodiversidade, no enriquecimento na parte medicinal, na propaganda dos municípios. É uma vitória já conquistada. Agora é administrar e dar sequência a esse belo trabalho”, acrescentou Duda.

Primeira trilha

O excesso de chuva nos últimos dias levou os organizadores a cancelarem o passeio pela primeira trilha dentro do parque, na comunidade Rio do Poço. O chefe Juliano Rodrigues Oliveira vibrou com a abertura oficial do PNA para a visitação pública, mas lamentou ser necessário alterar a programação devido ao volume de água que caiu sobre a região.

“Realmente nós queríamos fazer um evento um pouco maior e recebê-los em outro ambiente. Queríamos muito recebê-los na nossa casa, na área já pertencente ao Parque Nacional das Araucárias, e poder conduzi-los nas trilhas, fazendo as atividades por lá. Isso não foi possível agora devido às chuvas, mas a gente vai marcar e divulgar em breve para começar as atividades de visitação”, garantiu.

Juliano ainda ressaltou as potencialidades do PNA. Segundo ele, a unidade já desperta o interesse de pessoas de várias partes do planeta. “A gente sabe que tem um potencial enorme para trazer visitantes do mundo inteiro, e alguns, de vez em quando, batem nas portas aqui. Mas isso vai acontecer aos poucos. É um trabalho que tem que ser feito aos poucos e em conjunto com a comunidade. É um crescimento que tem que se dar de forma conjunta, ordenada”, ponderou.

Papagaio-de-peito-roxo

Há quase cinco anos o céu do Parque Nacional das Araucárias voltou a ser povoado por uma ave extinta na região. O papagaio-de-peito-roxo, espécie ainda ameaçada de extinção, foi reintroduzido por um projeto desenvolvido pelo Instituto Espaço Silvestre. De lá para cá ocorreram três solturas, com 18 novos papagaios já em processo de reabilitação para uma quarta soltura em 2016.

Coordenadora do projeto, a bióloga e doutora em zootecnia, Vanessa Tavares Kanaan, acredita que os roxinhos, carinhosamente chamados, serão atrativos para o público, embora ressalte que a observação não é garantida ao visitante, especialmente porque há períodos do dia em que a espécie costuma concentrar as atividades, como no início das manhãs e finais de tardes.

“Para o projeto será uma excelente oportunidade para as pessoas visitarem o parque e observarem os papagaio-de-peito-roxo em vida livre. Essa espécie está ameaçada de extinção no Brasil e no mundo, e existem poucos locais onde sua observação é possível. Sobre o parque, é uma honra fazer parte dessa história. O parque protege um dos maiores e únicos remanescentes de floresta de araucárias do mundo”, destacou Vanessa, que não pôde participar da cerimônia por estar em viagem.

Vereadores e secretários dos municípios de Ponte Serrada e Passos Maia também participaram da solenidade. No evento ainda foram apresentados os membros do Conselho Consultivo do Parque Nacional das Araucárias. O público também conheceu trabalhos artesanais desenvolvidos sobre o papagaio-de-peito-roxo, além de observar as pesquisas científicas já produzidas dentro do PNA, comparar produtos coloniais de cooperativas e conhecer outras ações realizadas na unidade de conservação ambiental.

Jhonatan Coppini – Ascom Passos Maia e Ponte Serrada