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Lajeado Grande desenvolve projeto de atenção ao idoso

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Uma equipe da Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Social de Lajeado Grande realizou na última terça-feira (09) visita à residência do casal Armando e Zelinda Pagliari, casal de idosos que faz parte do projeto Seja Bem Vindo ao meu Mundo.

O projeto, que está em pleno funcionamento desde março deste ano, prioriza a atenção e assistência ao idoso, realizando ações de convivência e fortalecimento de vínculos para a população idosa e previne situações de isolamento social.

Um estudo realizado pela Administração Municipal no ano de 2014 constatou que a população idosa do município representa mais de 10% dos habitantes e que destes, 50% não participa das atividades oferecidas pela secretaria, vivenciando um processo de isolamento e risco social.

A equipe que realizou a visita desta terça era composta pela secretária de Habitação e Desenvolvimento Social, Linete Girotto, pela diretora do Departamento Social, Eronice de Oliveira Silva, pela assistente social Loreni Comel, pelos voluntários do projeto Teresinha da Silva e Divino Saquetti.

Durante a visita, a secretária Linete fez a apresentação do projeto para a família e destacou a importância de fazer um registro das informações. “Além de promover ações de convivência, fazemos um registro das informações repassadas pelas famílias, histórias de vidas, que estão diretamente ligadas à história do município. São relatos que contam fatos acontecidos há 30, 40, 50 anos e que não têm registro em lugar nenhum. Essas histórias ficarão gravadas para as gerações futuras, que conhecerão um pouco de como nosso município foi construído.”

A secretária explicou que são realizadas duas visitas por semana e que o projeto vai até o mês de agosto. “Desde março, quando iniciamos o projeto, já atendemos cerca de 20 famílias. Algumas delas, além da convivência, necessitam de uma atenção, de cuidados especiais, pois vivem sozinhos, às vezes, distante da cidade, sem comunicação, em um processo de isolamento, por isso o trabalho é realizado em conjunto com a equipe de Proteção Básica do Cras.”

Além dos que vivem em situação de isolamento, foram identificados outros idosos, mas que participavam das atividades e que possuíam perfil e interesse em realizar as visitas domiciliares junto com a equipe de Proteção Básica do Cras. Essas pessoas, que hoje atuam como voluntários no projeto, foram capacitadas em temas como: abordagem, questões éticas, postura e sigilo.

História de Vida

O casal Armando (78) e Zelinda Pagliari (73), casados há 55 anos, vieram de Aratiba, no Rio Grande do Sul, em 1960 e desde então trabalham na propriedade, adquirida com muito sacrifício e suor. Dessa união foram gerados dois filhos, cinco netos e dois bisnetos.

O casal disse que naquela época havia muita dificuldade. “Não tinha luz elétrica, nem telefone. Quando alguém ficava doente, tinha um ‘freteiro’ que levava a gente de caminhão para o médico na cidade”, relata Armando.

Inicialmente residiram em uma casa próxima ao centro da cidade e em 1967 adquiriram a propriedade onde vivem até hoje. Os filhos do casal nasceram em casa, assistidos por uma parteira, o que era muito comum naquele tempo.

Toda a sua vida trabalharam no campo. O trabalho pesado era feito manualmente, com arado, algumas vezes puxado por animais. Aravam a terra, plantavam e colhiam, tudo “a braço”. A falta de transporte apropriado para a produção e a grande quantidade de produtores locais explorando o mesmo mercado eram fatores que dificultavam a comercialização.

Uma ocasião, Armando encheu um fusca com toda a produção de verduras e hortaliças e foi vender em Xaxim. Logo começou a estabelecer uma clientela em Xaxim e Xanxerê, onde começou a vender queijo, também produzido pela família.

O trabalho no campo sempre foi o sustento da família, mesmo nos momentos de dificuldade. “Logo depois que compramos essa terra, minha esposa teve uma apendicite. Foi para o hospital e ficou 30 dias internada. Eu fiquei mais de 15 dias sem vir em casa. Quando ela melhorou o médico chegou com a conta: 250 ‘contos de reis’. A gente não tinha o dinheiro, mas tinha crédito. Consegui um empréstimo e em dois anos paguei toda a dívida com o que produzíamos aqui. Nem um pé de alface era vendido que não fosse para quitar a dívida”, relata Armando, que conclui, “a vida era mais difícil, mas a gente era feliz”.

VSD Marketing & Comunicação  – Ascom Lajeado Grandes