A Olimpíada de Língua Portuguesa "Escrevendo o Futuro" acontece a cada dois anos, sempre em anos pares. O objetivo é contribuir com a melhoria do ensino da leitura e escrita nas escolas públicas de todo o Brasil. O concurso premia as melhores produções de textos dos alunos matriculados em escolas públicas.
A Olimpíada tem como tema "O lugar onde vivo" e está na quarta edição, o tema busca valorizar a interação das crianças e jovens com o seu meio. Os textos foram escritos pela autoria exclusiva de alunos, sendo as produções dividas nas seguintes categorias:
– Poema: 5° e 6° anos (4ª e 5ª séries) do Ensino Fundamental
– Memórias Literárias: 7° e 8° anos (6ª e 7ª séries) do Ensino Fundamental
– Crônicas: 9° ano (8ª série) do Ensino Fundamental e 1° ano do Ensino Médio
– Artigo de Opinião: 2° e 3° anos do Ensino Médio
Participação
O primeiro passo foi a adesão da Secretaria Municipal de Educação na Olimpíada de Língua Portuguesa, preenchendo uma ficha e aceitando o termo de adesão. Posteriormente os professores realizaram suas inscrições.
Foram realizadas oficinas nas escolas, onde os alunos praticaram a produção de texto de acordo com sua categoria, sob orientação do professor. Depois dos textos prontos, a escola constituiu uma comissão julgadora para selecionar as melhores produções, que foram enviados para a seleção municipal.
A comissão julgadora municipal avaliou e selecionou os textos das comissões escolares para encaminhar as próximas etapas sendo a etapa estadual, etapa regional (envolvendo os três estados do sul) e finalizando com a etapa nacional.
Nas diversas etapas, os textos são selecionados pelas comissões julgadoras, considerando a presença de aspectos próprios da categoria textual e aspectos gerais de gramática e ortografia.
A Olimpíada de Língua Portuguesa "Escrevendo o Futuro" vai além de um concurso: oferece propostas de formação dos educadores, por meio de materiais, encontros para reflexão, com o objetivo de aprimorar o processo de escrita dos alunos. Assim, pretende contribuir com a prática pedagógica de melhor qualidade.
Em Xanxerê a comissão julgadora, instituída pela Portaria 001/2014, para a Olimpíada de Língua Portuguesa está composta por: Alvaneve Fátima Moretto, coordenadora municipal da Olimpíada; Vera Lúcia Correa, diretora municipal de ensino; Gabriela Gibikoski, jornalista representante da Ric TV Record; Cleusa Brusamarello, representante da SDR Xanxerê; e Rossaly Beatriz Chioquetta Lorenset, professora de Língua Portuguesa representante da UNOESC Xanxerê.
Textos selecionados:
Título: Meu lugar é assim, um mundo sem fim.
Escola: EEB SAO CAETANO
Aluna: Shaiane Sychoscki
Categoria: Poema
Meu lugar é assim
um mundo sem fim
Eu acordo bem cedo
O sol ainda não apareceu
Eu durmo bem tarde
quando ele já adormeceu
Meu lugar tem um lindo pomar
com flores frutas e cores
Cultivado com ardores ele é muito lindo
mas o que vale a pena, é que lá tem muitos sabores
Em cima da minha casa, é a rota de um avião
Na mesma hora e no mesmo lugar ele passa todo dia
e se confunde na fumaça do fogão
No meu lugar , todo mundo toma chimarrão
Minha mãe esquenta água todo dia , com lenha no fogão
com a cuia na mão e o prazer no coração
Título: Relembrando Momentos
Escola: EEB APARICIO JULIO FARRAPO
Aluna: Gabriela Acosta
Categoria: Memórias literárias
Ah, só de lembrar-me daquela época, já dá vontade de voltar ao tempo! Tempo sofrido, mas bastante aproveitado e com momentos que ficaram marcados na memória, para sempre.
Antigamente, a vida das famílias era mais simples e tranquila, não existia a correria que vemos hoje em dia.
As pessoas andavam a pé, pois quase não existiam carros. As ruas eram de terra, onde as crianças podiam brincar, pois não havia perigo de acidentes ou assaltos.
Os vizinhos eram como integrantes de outras famílias, todos os dias se reuniam nas varandas de suas casas para conversar enquanto as crianças brincavam. Suas brincadeiras eram roda-roda, pega-pega, passa anel, esconde-esconde, entre outras, sempre ao ar livre, correndo, divertindo-se muito. Que alegria estar com os amigos!
As famílias eram grandes, com doze ou mais filhos, as crianças eram obrigadas a trabalhar desde os sete anos, e às vezes, até antes.
As atividades diárias como acordar, comer, trabalhar, dormir, eram definidas pela luz do sol. Para iluminar as casas, à noite, eram utilizadas velas ou lamparinas.
As escolas não eram modernas, nem "chic", mas confortáveis e aconchegantes para ter uma boa aula. Na entrada da sala havia uma enorme bacia com água do riacho para lavar os pés, porque o caminho até a escola era difícil e longo(cinco quilômetros ou mais) e muitos iam pés descalços.
Os alunos iam chegando e já se cumprimentando uns aos outros, quando o sinal soava todos aguardavam sentados a chegada do professor. O tempo passava, as aulas seguiam e, finalmente, para nossa alegria, vinha o momento mais esperado, "o recreio". O lanche era quase sempre o mesmo, polenta com mel.
Namoro, só em casa sob a supervisão dos pais, a moça tinha horário para voltar do baile, onde só podia ir acompanhada do irmão mais velho. Em muitos casos, beijo na boca só depois do casamento.
Fome não se passava, pois carne era o que mais se tinha, mas muitas vezes, chegava enjoar de comer sempre as mesmas coisas. Fruta se tinha de monte no pomar, "meu lugar preferido", com aquelas jabuticabas pretinhas, amoras vermelhinhas e as uvas, então… Hummm, que docinhas! Dá água na boca só de lembrar!
Dinheiro se tinha, o ruim era ir até a cidade de carroça ou a cavalo, comprar o que se desejava. E também não havia roupas prontas, objetos, utensílios diversos que temos hoje disponíveis no comércio. Os tecidos, por exemplo, conseguíamos apenas quando os "mascates" traziam da Europa. Então as mães compravam um fardo inteiro e costuravam a "fatiota" para todos os filhos igual.
E se eu pudesse realizar um desejo, seria voltar a ser criança, para viver tudo novamente e mostrar para os jovens de hoje que é preciso batalhar para vencer na vida e, acima de tudo, honrar pai e mãe, ter muito respeito, carinho e amor ao próximo.
Título: Onde eu vivo
Escola: EEB SAO CAETANO
Aluno: Thales Eduardo Dill
Categoria:Crônica
Você deve estar se perguntando onde eu vivo,pois tá ai uma boa pergunta, Onde eu vivo? O que deixa o meu lugar tão especial?
Bem, para começar moro em Xanxerê estado de Santa Catarina , em uma pequena comunidade do interior do município chamada Cambuinzal. Aqui o ar é puro, os pássaros cantam e o vento sopra na ponta das árvores. Aqui já chegou a tecnologia, mas não estou falando de rádios e Tvs e celulares… Estou falando da internet, que com isso temos acesso a notícias do mundo todo. O lugar onde eu vivo é tranquilo, silencioso mas muitas vezes esse sossego é quebrado pelo barulho estridente de máquinas agrícolas, pois não podemos apenas desfrutar do paraíso,temos que tirar o nosso sustento e o de muitas pessoas que trabalham e estudam aqui.
Perto de onde moro fica minha escola, a única escola do interior do município que permanece e que completa hoje exatamente dia 07/08/2014 62 anos. Eu estudo todos os dias,quero aperfeiçoar meus estudos e não tenho vergonha de perguntar pois são as perguntas que movem o mundo e não as respostas.
As professoras que vem dar aulas aqui são bem legais,pois é por causa delas que estou escrevendo esta crônica e contando um pouco da minha vida. Posso não ser um aluno nota dez mas sempre que possível procuro estudar mais, porque quando eu crescer quero ser reconhecido pelo caráter e não por dinheiro nem profissão, e quero continuar humilde e não ser como muitos orgulhosos . Quero principalmente poder ajudar os agricultores pois sou filho de um, e sei o sofrimento que passam para tirar o sustento com a suinocultura , avicultura, gado de leite e produtos agrícolas. Meu lugar é aqui, e é desse jeito que eu vivo.
Título: Entre Nações
Escola: EEB PRES ARTUR DA COSTA E SILVA
Aluna: Izadora Parckert
Categoria: Artigo de opinião
Como é de conhecimento da maioria das pessoas, o preconceito conta com outras raças, homossexuais, negros e índios é muito frequente em todos os cantos do mundo. O que vemos em nossa cidade não é diferente. Os xanxerenses estão praticando este tipo de violência contra os Haitianos que estão chegando em nosso município.
Homens e mulheres vieram para trabalhar e conseguir o sustento da família que ficou em sua terra natal. Em busca de melhores condições de vida, encontraram mão de obra, porém se depararam com o racismo e salários baixos. Acredito que estas pessoas possam ter mais competência do que os que se acham no direito de oprimi-las. É correto acolher pessoas de fora, aprender culturas novas, trocar vivências e conhecer pessoas diferentes. O preconceito deveria ser trabalhado desde cedo nas escolas e principalmente em casa. Crianças que receberam uma boa educação aprender a respeitar os outros e suas diferenças.
Por fim, acredito que a discriminação contra os haitianos dever ser extinta. Sem dúvida, esta questão necessita maior atenção dos governantes e da população. Medidas contra o preconceito em geral precisam ser abordadas com nossas crianças para que elas cresçam com um pensamento aberto e se tornem adultos respeitosos e responsáveis.
Ciro Bohn – Ascom Xanxerê