Público recebeu orientações sobre como identificar sinais de violência e importância das denúncias
É através de uma simples denúncia que um grande problema pode começar a ser resolvido. A omissão em casos de violência física, psicológica e sexual muitas vezes aprisiona crianças e adolescentes a uma triste realidade, que chega a virar rotina e causa sérias consequências, deixando reflexos para toda a vida. O trauma é a herança garantida às vítimas de violência, algo que poderia ser evitado ao menor sinal, muitas vezes ignorado pela falta de instrução, conhecimento, medo ou pura negligência.
Foi para fazer um alerta sobre situações frequentemente desconhecidas que pais de alunos das escolas de Ponte Serrada foram convidados a participar de uma palestra na noite desta quinta-feira, dia 15. Na Semana de Combate à Exploração Sexual Infantojuvenil, o assunto foi abordado pela palestrante Neusa Moscon. O promotor Fernando Rodrigues de Menezes Júnior e o prefeito Eduardo Coppini (Duda) ainda discursaram sobre o tema.
Ao longo de mais de uma hora, Neusa levou ao público informações sobre as formas de violência (física, psicológica e sexual) e instruiu os pais a observarem sinais que podem indicar algum tipo de violência na criança. Os relacionamentos familiares e a importância dos limites no processo educacional também foram assuntos levantados para evitar a violência dentro da própria casa. "Há muitas formas de impormos limites nas crianças e adolescentes sem que seja preciso o uso da violência", indicou.
Formada em serviço social e especialista em violência doméstica, Neusa frisou que os casos de violência infantojuvenil ocorrem sem distinção de família, independente da classe social. "É uma pena que a gente tenha que ter uma data específica para falar disso, que a gente viva numa sociedade onde ainda é preciso chamar a atenção para a violência", lamentou.
Ao abordar os reflexos, a palestrante deixou claro que o sofrimento de uma vítima pode se estender por toda a vida. "Essas consequências podem vir a desenvolver uma doença mental, algum transtorno que impacta a sociedade em todos os sentidos, sejam em gastos com a saúde, ou pessoas que vão deixar de produzir, de ser ativas. Os sintomas de violência perduram muitas vezes por uma vida inteira e geram consequências na sociedade de uma forma geral", afirmou.
Importância do diálogo
A proximidade entre pais e filhos foi um dos pontos abordados pelo prefeito Eduardo Coppini ao discursar sobre o assunto. Duda considerou o diálogo como imprescindível, estimulando também a denúncia dos casos. "Converse com seu filho, veja o que está acontecendo com a vida dele. Isso não impede que você também amplie esse tipo de questionamento para outras crianças e adolescentes, e principalmente, quando souber de algum caso, denuncie", orientou.
Além da violência infantojuvenil, Duda relatou ações contra adultos, lamentando inclusive o fato de tudo parecer comum aos olhos da sociedade. "Tudo vai se banalizando se nós não fizermos a nossa parte. Quero parabenizar a todos que ajudaram a fazer esse evento, a cada um que também destinou o seu tempo para vir aqui participar de um encontro de tamanha importância. Que a gente alimente essa chama e possa levar tudo isso adiante", desejou o prefeito.
Inimigo íntimo
O inimigo pode morar bem próximo, muitas vezes na própria casa. A violência sexual sofrida por crianças e adolescentes, as maiores vítimas de estupro, segundo afirmou o promotor Fernando Rodrigues de Menezes Júnior, parte geralmente de dentro das próprias residências, de alguém da própria família. "Eu elencaria três pessoas entre os maiores estupradores: o próprio pai da criança, o avô e o padrasto. Depois deles, pessoas do meio social, um primo, um tio. Muitas vezes esse estuprador também foi vítima, aí cresce e começa a repetir aquela violência".
Fernando também foi enfático ao instigar as denúncias. "A gente não pode pensar que o estupro ou a violência sexual são problemas dos outros, que a gente está imune. Não! Nós corremos riscos. É preciso estar atento, olhar para a criança e ver como ela se comporta. Um pai e uma mãe atentos podem descobrir pelos sinais que a criança foi vítima", orientou o promotor, citando órgãos como o Conselho Tutelar, a Delegacia de Polícia Civil e o próprio Ministério Público como canais para denúncias.
Mobilização
A campanha contra a violência infantojuvenil foi aberta na última segunda-feira, dia 12, em Ponte Serrada. Neste sábado, dia 17, haverá o Dia D, com uma blitz no Centro da cidade. Ainda nesta sexta-feira, dia 16, estudantes de todas as escolas, inclusive creches, assistirão a uma peça teatral na Associação Atlética Aimoré, das 8 às 11h30 e das 13h30 às 16h30, com o grupo Gaia Teatro e Circo de Chapecó. Os alunos também estão produzindo redações, frases ilustradas e desenhos. Os melhores trabalhos serão premiados.
O Creas de Ponte Serrada desenvolve a campanha ao lado da Secretaria de Assistência Social, Cras, Conselho Tutelar, Judiciário, Ministério Público, Oficial da Infância e Juventude, Secretarias de Educação e Saúde, Polícia Militar, Proerd, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros.
Veja o que ainda vai acontecer:
16/05/2014 – sexta-feira
Teatro para os alunos na parte da manhã e tarde.
Horário: 08:00 às 11:30 e 13:30 às 16:30
Teatro: Gaia Teatro e Circo – Chapecó
Local: Clube Aimoré
17/05/2014 – sábado
Encontro na praça em frente ao Banco do Brasil para a adesivagem nos carros pela parte da manhã.
Horário: 08:30 às 11:00
26/05/2014 – segunda-feira
Encontro com a Rede de Atendimento, poder Executivo, Legislativo e Judiciário na Câmara de Vereadores para a entrega da premiação referente ao concurso da melhor redação e ilustração.
Horário: 19:00 horas
A premiação será da seguinte forma:
Pré-escolar: Melhor Ilustração – Prêmio: uma Bicicleta
Séries Iniciais 1º ao 4º ano: Frase Ilustrada – Prêmio: uma Bicicleta
Ensino Fundamental de 5º ao 9º ano: Redação – Prêmio: um Tablet
Ensino Médio de 1º ao 3º ano: Redação – Prêmio: um Tablet
Jhonatan Coppini – Ascom Ponte Serrada