Autoridades e representantes de vários órgãos reuniram-se em Passo Maia para tratar sobre o tema
A agressividade, a facilidade de adaptação e a ausência de predadores ou competidores naturais levam o javali a figurar na lista das cem piores espécies exóticas invasoras do mundo. A presença do animal prejudica espécies da fauna e flora nativas, gera o risco de transmissão de doenças e causa sérios prejuízos econômicos, com o ataque a plantações e criações de animais.
Esses problemas estão na porta de casa. Registros de bandos de javalis invadindo propriedades em Passos Maia, Ponte Serrada e outros vários municípios da região são frequentes. O controle da proliferação do animal é motivo de preocupação para autoridades, instituições e principalmente produtores já há algum tempo. Mas como minimizar os efeitos causados pelo javali?
A pergunta norteou um seminário realizado ao longo desta quarta-feira, dia 8, em Passos Maia. O município recebeu representantes de inúmeras instituições, como órgãos de fiscalização e controle ambiental, autoridades policiais e políticas, além de representantes de outras várias entidades. O debate foi promovido pelo Conselho Consultivo do Parque Nacional das Araucárias, que abrange áreas nos municípios de Passos Maia e Ponte Serrada.
Profissionais ligados a diversas instituições levantaram uma série de informações relacionadas ao javali. Como a espécie surgiu e invadiu territórios, quais prejuízos provoca e quais as formas de controle foram assuntos pautados no encontro. "O objetivo foi informar sobre a legislação que permite o abate do javali", pontuou o chefe do Parque Nacional das Araucárias e presidente do Conselho Consultivo, Juliano Rodrigues Oliveira.
O Ibama publicou recentemente uma Instrução Normativa que autoriza o controle populacional do javali. O abate do animal já havia sido liberado, mediante uma série de regras, por duas portarias estaduais em Santa Catarina, ainda em 2010, sendo um da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural e outra do Batalhão da Polícia Militar Ambiental.
No entanto, como é área de preservação, Juliano lembra que dentro do parque a caça ainda não é permitida. O assunto foi levantado no seminário, com o exemplo de uma unidade de conservação onde o ICMBio autorizou o abate, deixando a expectativa de uma liberação futura também para o Parque Nacional das Araucárias.
O prefeito de Passos Maia, Ivandre Bocalon (Evandro), acompanhou boa parte do seminário. Ciente da urgência de alguma medida, ele colocou-se à disposição para contribuir. "Queremos parabenizar a iniciativa do seminário e dizer que a administração está disposta a ajudar, na medida do possível, a tratar a questão".
Originário da Europa, Ásia e norte da África, o javali é um porco selvagem que tem em média 1,3 metro de comprimento e pesa cerca de 80 quilos. O adulto possui presas afiadas que saem pelos cantos da boca e longos pelos de cor preta. Há também os java-porcos, javalis miscigenados com o porco doméstico. Eles têm coloração variada e podem pesar até 250 quilos.
A presença de grupos do animal já foi registrada nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia e Acre.
Jhonatan Coppini – Ascom Passos Maia