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Passos Maia: Alunos da Escola Nossa Senhora Aparecida estudam a história dos Assentamentos

Durante o segundo bimestre letivo deste ano, os educandos das séries finais (6ª a 8ª séries) da Escola de Educação Infantil e Ensino Fundamental Nossa Senhora Aparecida, do Assentamento Zumbi dos Palmares, em Passos Maia,  estudaram a história dos assentamentos onde residem. Uma iniciativa da educadora Salete Ankler, professora de história e geografia da escola, pautado em seu planejamento bimestral. Foi estudada a história dos Assentamentos Zumbi dos Palmares, 29 de Junho, 20 de Novembro e Assentamento Conquista do Horizonte. Leia um pouco da história, como tudo foi acontecendo.

Era uma madrugada fria e calma do dia 20 de novembro de 1995, Passos Maia era um silêncio profundo, uma brisa suave cobria os matos da fazenda Ameixeira, ouviam-se apenas o barulho do vento, o cantar dos pássaros e o ruído do pequeno córrego de águas cristalinas. Mas de repente tudo se transformou num grande barulho que fazia tremer as matas dezenas de ônibus, caminhões e carros pequenos ali chegaram carregados de gente e muita coragem.

No começo foi muito sofrido, pois doenças, a fome e o frio  atingiram o nosso povo e algumas pessoas acabaram morrendo. Apesar disso ninguém desanimou e a organização crescia cada vez mais. Assim foi nossa luta e a nossa história. Já se passaram 15 anos e temos nossa terra onde se planta e colhe.

O que há de comum na história dos assentamentos é a luta pela conquista da terra através do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). A organização das famílias e a ocupação da terra marcaram uma caminhada de lutas e conquistas, jornada trilhada por boa parte das famílias de nossos educandos. Uma história que há tempos ficou às margens do provável esquecimento por parte da escola.

Investigar esta história despertou interesse por parte dos educandos. Nas escolas se estuda muito de história, muitas vezes uma história mais geral, e quase sempre desconsiderando a local, dos próprios sujeitos que a fizeram. Não se trata aqui de fazer debates ideológicos, mas garantir o direito de estudar a história dos sujeitos envolvidos, a história contemporânea sua e de sua família e relacioná-la a história do Brasil e da humanidade.

Na disciplina de artes, lecionada pela professora Andréia Cavalheiro, foi trabalhado sobre a história dos educandos, através da arte. A bandeira desenhada por estes alunos é parte da história destes assentamentos e logicamente desta escola, eles tiveram a oportunidade de saber o significado de cada elemento que compõem a bandeira. Durante as aulas, foram convidadas a Dona Maria Prates e a Professora Rosemar Nunes de Souza, que vivenciaram esta história ativamente no período de acampamento e assentamento. Elas contribuíram relatando fatos desta história e sanando dúvidas que surgiram por parte dos alunos.

Ao final, uma apresentação sintetizou a representação desta história através de uma encenação teatral, mostrando a ocupação da terra, o sacrifício das famílias exigido pela luta e as conquistas obtidas com sucesso por parte destes trabalhadores Sem Terra. Não nos cabe julgar erros ou acertos, cabe nossa compreensão de que a dignidade humana é um direito que as cercas, sejam de aço ou de papel, não podem impedir que a alcancemos. Esse é o papel da escola, fazer com que a história não seja esquecida.