Você já imaginou ter acesso a mais de 2,5 mil obras de grandes nomes da literatura catarinense de graça? Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) tiveram essa ideia e a desenvolveram ao longo de quatro anos. O resultado é o Portal Catarina, que reúne informações literárias e livros digitalizados de 312 autores do Estado, e será lançado nesta sexta-feira.
O portal é um braço de outro projeto do Núcleo de Pesquisas em Informática, Literatura e Linguística (Nupill) da UFSC: uma biblioteca digital da literatura brasileira e portuguesa, que abriga informações sobre mais de 70 mil obras.
O site exclusivo sobre Santa Catarina foi idealizado pelo professor de Literatura Lauro Junkes, ex-presidente da Academia Catarinense de Letras, que morreu cerca de dois meses antes de ver concretizado o primeiro protótipo do site. E para colocar em prática o sonho de Junkes, professores e 25 alunos de graduação e pós-graduação trabalharam em pesquisa, organização e digitalização do acervo catarinense:
– A gente traz o acervo da Academia Catarinense para cá, faz o tratamento adequado, prepara esse material físico para futuros pesquisadores que lá quiserem fazer suas pesquisas, e também digitaliza, disponibilizando na rede para pessoas que estejam em qualquer lugar do mundo possam ter acesso a esses dados – explica o pós-doutorando em Literatura e integrante do Nupill, Cristiano de Sales.
Entre os escritores que têm obras e acervos no portal estão Cruz e Sousa, Salim Miguel, Duarte Schutel, Horácio Nunes Pires, Araújo Figueredo, Delminda Silveira e Virgílio Várzea. No site, é possível acessar também documentos manuscritos digitalizados de alguns escritores.
O projeto será oficialmente lançado nesta sexta-feira, a partir das 18h, no Centro de Cultura e Eventos da UFSC. No entanto, o trabalho não está acabado, e estará aberto à atualização contante, à medida em que novos autores apareçam. Os próprios leitores poderão contribuir com o portal, deixando impressões pessoais e comentários sobre as obras.
– As anotações públicas serão espécies de listas de discussão. Alguém pode entrar no Dom Casmurro e dizer, por exemplo, "a Capitu é uma adúltera, eu sou machista…". Aí outra pessoa vai entrar lá e dizer "você é um machista nojento", gerando uma discussão com os comentários públicos – brinca e exemplifica o coordenador do Nupill, professor Alckmar Luiz dos Santos, citando a personagem Capitu do clássico Dom Casmurro, de Machado de Assis.
O Portal Catarina teve financiamento de R$400 mil do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Se o edital for renovado, a ideia é ampliar a equipe, com a contratação de estudantes de Biblioteconomia da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
Fonte: Ingrid dos Santos – ClicRBS/SC
